20 de agosto de 2025

Notas em blocos

Eu penso demais naquelas notícias de gente desaparecida e encontrada lá longe, estados de distância, às vezes até um mar aí no meio. Sumiço doido, sem avisar, cortar laços, viver outra vida. "Não sumi, só não quis aparecer", teria dito alguém.

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Dia desses, sala de depilação, pernas pro ar, a profissional me pergunta "tá tudo bem?", não com a situação, que estava, mas com a vida. Dei de ombros e respondi "é, mais ou menos". Tava sem energia para fingir um tá tudo certo, tá tudo ótimo, coisa boa, vida que segue. É, mais ou menos. Qualquer pessoa fica sem saber o que responder, eu não saberia o que responder, cometi esse crime. Silêncio. Ela balbuciou um é, a vida é assim mesmo e em seguida começou a contar com entusiasmo da nova oportunidade de ganhar renda extra, algo envolvendo depósitos, e como pesquisou bastante para não cair em golpe, "já caí tanto em golpes!", disse enquanto descrevia um. Elogiei o cabelo. E as pernas lá em cima.

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Eu sei que faz parte da fauna local mas ainda assim sempre acho graça quando me deparo com o sotaque "bah, o Armandinho é o terror meu". Esse eu só acho cômico, personagem mesmo. Viro a cara para um específico, região específica, ainda da capital. Geralmente vem com nariz empinado dizendo absurdos, não importa a roupagem. Bom, fim de papo.

colagem, desenho de carinha feita com caracteres dando de ombros e flores por cima de uma foto analógica de árvores
Sem título. Colagem de desenho palito sobre foto analógica desfocada (por não saber focar)

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