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Eu vi assombração.
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Sexta-feira à noite era comemoração de aniversário da minha colega de trabalho. Coisa simples, só de achar um canto para se escorar e beber algo. Coloquei um vestido de malha que fiz logo no início da pandemia (voltou a me servir bem, dei uma emagrecida). Curtíssimo, mas nem poderia ser diferente, o tecido era retalho de uma fábrica que fechou e não sobrou um fiapo extra para contar história. Fazia frio, usei uma gola alta por baixo do vestido, meia-calça preta. Também uma camisa verde escuro por cima disso e um blazer ganhado faz anos mas que até então nunca tinha usado. Nos pés um Adidas azul, na cabeça o cabelo preso no alto. Comi um pastel às 3h30 da manhã e no mesmo dia acordei às 6h30 para trabalhar.
Trabalhei. Meio-dia do sábado eu já estava casa, almocei e logo saí novamente, nem descansei. Vi Jeanne Dielman, 23, Quai du Commerce, 1080 Bruxelles pela segunda vez esse ano, dessa vez no cinema. Lá em abril eu abri o site do Sesc Digital às 23h, desliguei as luzes e não pisquei até o último minuto dos 202 que possui. Fechei o notebook mas não parei de pensar por dias no que eu tinha acabado de assistir. Fiz paralelos pessoais demais para explanar aqui, nunca escrevi a respeito e metade deles já esqueci. No telão a experiência coletiva foi diferente. Talvez fosse o sono da noite mal dormida. As luzes de emergência guiando a saída nas laterais do prédio antigo, a luzinha de segurança debaixo dos degraus indicando o caminho, o celular da pessoa desgraçada na minha frente que insistia em olhar a hora (15h52, 17h24, 17h28). Daqui uns anos revejo.
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Música de IA deveria ser crime.
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Segunda vez só nesse ano que a película de vidro do meu celular quebra. Rachou bem em cima da câmera, tá ficando estranho. Já não é das melhores, ficou pior ainda. Preciso trocar, mas que saco.
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O almoço de domingo ficou por minha conta. Fiz um macarrão caprichado, coloquei a mesa bem bonita, servi suco de uva. Agora, já noite, fiz um monte de legumes salteados. Preciso comprar mais manteiga, tomates cereja, brócolis. Também coloquei post-its no espelho que me reflete agora no quarto "comprar calcinhas, meias", "comprar base, hidratante", "comprar cabides". Sugestões para evaporar dinheiro.
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Nunca tinha visto laranja que fosse vermelha assim.

Adoro a forma objetiva e aleatória de como você escreve sobre a sua vida!
ResponderExcluirqueria muito que post-its fossem funcionais pra mim, só que aprendo a ignorar eles com muita facilidade (como se fosse decoração do espaço) 🤡
ResponderExcluire os headphones da JBL realmente são absurdos quanto a durabilidade da bateria. duram demais (ainda bem).